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“Maio Amarelo em meio à pandemia”- por Archimedes Azevedo Raia Jr.

Em meio a esta dolorosa pandemia de coronavírus, pode parecer fora de propósito falar de tema que não seja a evolução deste flagelo que assola a humanidade nestes tempos. Mas, o leitor deverá perceber, principalmente agora que a sensibilidade das pessoas parece estar mais refinada, a relevância do assunto aqui abordado.

A pandemia, não há como negar, é pungente e atinge a todos, independente de sexo, raça, religião etc. Todos estão imersos nessa atmosfera de medo e parece nada mais existir que mereça maior preocupação e reflexão. Até o momento em que este texto é redigido, início de maio, foram registrados, aproximadamente, 115 mil infectados e 8 mil mortes no Brasil.

Mas, pede-se licença ao leitor para propor outro debate, não menos importante e que também assola a toda a população. Em 2018, últimos dados divulgados pelo Ministério da Saúde, morreram 33,6 mil pessoas no trânsito brasileiro. Segundo a ONU, perdem a vida, no mundo todo, 1,35 milhão de óbitos anuais, correspondendo à média de 3,7 mil pessoas/dia. Mas, parece que bem poucas pessoas se preocupam com este fato, pois faz parte do cotidiano de cada um e é assimilado pela população, ao que parece, sem maior comoção.

Em vista disto, foi criado o Movimento Maio Amarelo para alertar a sociedade para o elevado índice de mortes e feridos no trânsito em todo o mundo. O objetivo precípuo deste movimento é promover ações coordenadas entre o Poder Público e sociedade civil, colocando em pauta a segurança viária. Deve-se mobilizar toda a sociedade: órgãos governamentais, universidades, empresas, entidades de classe, associações, ONGs etc. A pauta maior é refletir o tema, engajar-se em ações e difundir o conhecimento, abordando toda a amplitude que a questão do trânsito exige, nas mais diferentes esferas.

Contudo, não só a sociedade organizada é chamada a participar, mas, individualmente, aproveitando o atual isolamento social, todo cidadão é convidado a fazer uma reflexão sobre o seu comportamento cotidiano no trânsito. Ao se fazer um exame de consciência mais consistente, perceber-se-á que o comportamento deixa muito a desejar.

Isto ocorre quando se assume que a rua é própria e os demais veículos e pedestres atrapalham. E quando se acha que parar naquela vaga de idoso/deficiente só uns minutos não vai impactar ninguém? Mas, age mal quem estaciona em cima da calçada, impondo à mãe e sua filhinha trafegarem pela rua. Passa-se no sinal vermelho, porque está atrasado para a aula. Para deixar os filhos na “porta da sala de aula” também se justifica parar em filha dupla. Puxa vida, mas a lei seca é ruim, não se pode mais beber com os amigos e dirigir. Que absurdo!

Através de uma análise introspectiva, certamente, vai-se concluir que se tem muita “culpa no cartório” e que colabora para a insanidade que se vive hodiernamente no trânsito. Que tal mudar esse jogo? Só é necessário começar e lembrar sempre que a mobilidade deveria unir as pessoas e não dividi-las. O que não se quer para si, evita-se fazer aos outros.

O autor é engenheiro, doutor em Engenharia de Transportes, especialista em trânsito, diretor de mobilidade da Assenag e docente da FIB.

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